Não me defendo mais
de ti; quero tua fumaça,
tuas vias molhadas,
escorregadias; são estas
que, agora, ataco
possuído de fúria-volúpia,
quase em movimento
obsceno e auto-destrutivo.
Teus céus não me ofendem mais;
arranham-me, instigam
meu desejo de cura através da pura
sede de brinde, charme,
loucura; e teus caminhos acabam
por me levar à razão
de existir; amá-la, gozar, sorrir.
É instintivo o ato
de fugir de tuas inúteis
retas, cheias
de fúteis seres enjaulados
sobre rodas; assim
como, é fato,
o alívio é entregar-me
a [delas-minhas] nuas curvas.
Teu caos glorifica a míngua-
-conquista; beatifica as simples
saídas; quantifica as vindas e idas
e ratifica a ideia
de que tudo o que, frente a ti,
mantém-se firme e livre,
é bom, ativo, sublime e vitalício.
Se me defendo agora é apenas de mim, que em suas ruas tortas e sem sentido me fazem pequena e vazia. Sua chuva ácida se desfaz em mim, destruindo o ultimo rastro de neutralidade em minha vida. Deixo que me leve em enxurrada, descendo íngremes ruas, passando debaixo de imundos viadutos com seu cheiro acre. E torço apenas, entre um farol e outro, que você já não exista em mim, que eu tenha te largado na última esquina que nos cruzamos, que a rua que sigo me leve para longe de você. Para não mais te desejar como ultimo recurso de proteção, como a quem pede a Judas segurança. Como quem espera qualquer segurança.
Quando chego ao seu fim, esqueço-me de ser fraca, pois todo este caminho foi traçado para mim. Se em ti não estivesse, talvez a existência não seria possível. Dentro de tuas mentiras e de toda essa força disfarçada de concreto encontro também a minha pujança de seguir todo dia, como uma gigante que atravessa suas muralhas, como se já não as tivesse apenas dentro de mim - me acompanhas na batalha de todo dia, pois sou fraca também, e forte como concreto.
Quando chego ao seu fim, esqueço-me de ser fraca, pois todo este caminho foi traçado para mim. Se em ti não estivesse, talvez a existência não seria possível. Dentro de tuas mentiras e de toda essa força disfarçada de concreto encontro também a minha pujança de seguir todo dia, como uma gigante que atravessa suas muralhas, como se já não as tivesse apenas dentro de mim - me acompanhas na batalha de todo dia, pois sou fraca também, e forte como concreto.
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