sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Fé(ti)da rua

Tudo penso, logo exijo
nada menos que o máximo
de mim; de ti, beato,
regozijo, incremento
minha meta mínima
de inconseqüência.

Minha fé é pulso
acelerado; é ânsia
pelo próximo segundo
de primeiro tato; mero
trato que fecho contigo:
sincero, espero que cumpras.

Pressão é tesão, espera é
desconforto social e a palavra
solta no espaço, para que ouças
de passagem, é grito-de-desespero;
meu estrangeiro de mim não reconhece-me
aqui dentro e, lá fora, é triste e estranho.

Não acompanho teu ritmo e nem quero; não
assino tuas formas, procuro ser formal
contigo; olho-te de rabo de olho
para que meu espelho não se quebre;
curo com cerveja minha febre
de não querer-te em momento algum.




E de tanto assim, esse não querer-te fez de mim apenas um ávido por nada. Um tocador de dias, esperador de lazeres. Seus afazeres e obrigações me comprometem os sonhos, pelos quais aguardo ávidamente. Desperto, procuro em outras tudo o que me falta em ti. Em outras ruas a fé que foi roubada, assaltada, seqüestrada. E encontro-a longe, tão longe de tudo o que me pede, me exige. Sem exigências, então, num simples acordar, respirar e andar posso finalmente saborear o brilho de uma lua que me convida a dormir e mergulhar num sonho distante onde é possível, finalmente, viver. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário